sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Nem tudo o que parece é

Por Glicéria Gil 
Tenho a certeza que ninguém ficará indiferente a este vídeo. E isto a propósito das nossas emoções, as tais que se devem cingir à "esfera privada" como por vezes se afirma, como se alguma vez na vida fosse possível separar o racional do emocional. Poderia olhar o vídeo noutro sentido, mas quis ir por aqui! As minhas emoções assim o ditaram. Deixo para os leitores a partilha de "outros olhares" se entenderem que vale a pena gastarem algum do vosso tempo a escreverem, pensarem e emocionarem-se. Eu por mim fico por aqui às voltas com  Darwin e Damásio. 



Darwin, debruçou-se sobre o estudo das emoções, tanto no Homem como nos animais, tendo identificado seis emoções universais - alegria, tristeza, surpresa, cólera, desgosto e medo, que serviriam como uma ferramenta para ajudar o indivíduo e a sua comunidade a sobreviverem. 

Também, Damásio, nos últimos anos tem vindo a dedicar-se à questão da utilidade das emoções. Começa por diferenciar emoção de sentimento, sendo a primeira a reacção a uma determinada situação indutora e que será perceptível por um observador externo, e o sentimento como a tomada de consciência da emoção pelo próprio indivíduo e que seria apenas perceptível para si.

Apesar de Damásio concordar com Darwin na utilidade das emoções para a sobrevivência, coloca a ênfase na capacidade da emoção de fazer “disparar” reacções rápidas a determinadas situações, potenciando assim a probabilidade de sobrevivência.

Ao contrário do que foi a corrente dominante durante décadas, que defendia que uma tomada de decisões correcta dependia exclusivamente da razão, Damásio vem defender que a tomada de decisões não pode ser feita sem a participação activa da emoção, sendo esta um complemento imprescindível, tal como a razão, na tomada de decisões.

Hoje em dia ouve-se, frequentemente, falar da Inteligência Emocional como se esta fosse algo de novo na nossa existência. No entanto, a inteligência emocional, mais não é do que a tomada de consciência (recordamos que é esta tomada de consciência que Damásio denomina de Sentimento) das nossas emoções e consequente  resposta com base nesta auto-consciência

O verdadeiro desafio da inteligência emocional centra-se na mudança de paradigma, no sentido de levar as pessoas a tomar decisões com base nas suas emoções, sem medo de que essas decisões não sejam consideradas boas por aparentarem serem pouco "racionais". Isto das aparências pode ser um bico de obra, pelo facto de nos iludirem.

Poderia continuar a explanar sobre o assunto, mas o que aqui escrevi são as coisas mais simples e básicas do mundo complexo que caracteriza o ser humano. E mais simples ainda é o vídeo que partilho. Tanta vez a nossa racionalidade, os estereótipos, o agir em conformidade, a noção de que somos os detentores do conhecimento impede de olharmos para além da razão. Às vezes faz-nos falta pensar e reagir como as crianças.

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